Igreja/Sociedade: Debate sobre Eutanásia juntou católicos com opiniões contrárias

José Manuel Pureza e Miguel Oliveira da Silva abordaram questão no Centro de Reflexão Cristã (CRC)

Lisboa, 07 mar 2018 (Eclesia) – Um deputado do Bloco de Esquerda e um médico obstetra-ginecologista foram os protagonistas de um momento que o CRC quis “sereno e esclarecedor” sem discriminar qualquer posição.

‘O final da vida humana e a eutanásia’ enquadrou a sessão que chamava a atenção para questões que “não podem ser ignoradas”, e que “tocam no mais íntimo” do ser humano, realça José Leitão, presidente do CRC.

O responsável sublinha que o objetivo é “clarificar conceitos” e permitir a cada um “situar-se em consciência” num debate que não é fácil.

O facto de juntar dois católicos que assumem publicamente opiniões divergentes perante a eutanásia e o suicídio assistido, só reforça, para José Leitão, a tradição de 44 anos de CRC marcados por “uma evangelização libertadora e de sentido progressista” que atribui grande importância à “pluralidade e ao diálogo” com todos os cristãos, mesmo com os não-crentes.

“As consequências da eutanásia são previsíveis, é morrerem pessoas que não querem morrer”, assinala Miguel Oliveira da Silva, um dos intervenientes do debate de quarta-feira, que fala num “retrocesso civilizacional”.

O antigo presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida considera que a discussão não pode ficar no “abstrato”: “Os cristãos têm de conhecer os dois projetos de lei e têm de os combater”.

O médico contraria a ideia que a lei se destina apenas a doentes terminais e em grande sofrimento, considerando que a vontade do doente “será manipulada de forma capciosa”.

Miguel Oliveira da Silva refere que na Bélgica e na Holanda os pedidos “crescem 10% ao ano” e, doenças como as demências e doenças psiquiátricas crónicas, que não eram aceites para a eutanásia, “já o são neste momento”.

José Manuel Pureza, por seu lado, sublinha a “pluralidade” que deve caracterizar um debate como este.

O deputado do Bloco de Esquerda diz que “esta não é uma questão que divida crentes e não crentes”, mas que “opõe pessoas com opiniões diversas independentemente da sua crença na vida eterna ou na ressurreição”.

Apresentando-se como católico, José Manuel Pureza reconhece que este “não é um tema fácil”, esperando uma regulação “sensata e equilibrada” em Portugal.

O conferencista rejeita ainda a tese da rampa deslizante no tema da eutanásia, defendendo também “um alargamento da rede de cuidados paliativos de cobertura pelo SNS de âmbito nacional”.

Este foi o último colóquio promovido pelo CRC nas suas instalações da Rua Castilho; em breve o Centro Nacional de Cultura vai acolher a sede do CRC e também as suas iniciativas.

HM/OC

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