Igreja/Sociedade: É preciso «diálogo» para mais «sinergia» na saúde mental em Portugal

Responsável nacional da Ordem Hospitaleira de São João de Deus faz balanço «muito positivo» do 12.º Congresso de Psiquiatria

Lisboa, 16 abr 2015 (Ecclesia) – O responsável nacional da Ordem Hospitaleira de São João de Deus defendeu mais “diálogo” para se trabalhar em “sinergia com o sistema nacional de saúde”.

“Neste momento devido à crise e até outros fatores tem havido algum estrangulamento, seja a nível financeiro, seja mesmo a nível de sinergia de diferentes agentes na área da saúde mental”, explicou o irmão Vítor Lameiras, no Centro Ismaili em Lisboa, esta quarta-feira, no final do 12.º Congresso de Psiquiatria.

À Agência ECCLESIA, o responsável destacou que estas situações se superam com “diálogo” e “trabalho conjunto” onde as ordens hospitaleiras sejam consideradas “parceiras” bem como as suas respostas, “seja em termos de intervenção, seja nas estatísticas”.

Segundo o provincial da Ordem Hospitaleira de São João de Deus em Portugal, a situação é “preocupante”, porque é “quase como se não existissem” em termos estatísticos quando uma “grande fatia da saúde mental”, dos cuidados, é prestada pelos institutos hospitaleiros.

O Governo português anunciou que até ao verão pretende legislar a proibição da venda de álcool a menores de 18 anos, o que para o irmão Vítor Lameiras “poderá ter impacto”, mas alerta para a realidade de um país de medidas dualistas, em que apesar da prevenção “há mais promoção”.

O XII Congresso de Psiquiatria São João de Deus teve como lema ‘Saúde mental e crises: interceções e sinergias’ e foi organizado pelo Instituto São João e Deus e o Instituto das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, nos dias 14 e 15.

Este evento, que se realiza de três em três anos, teve dois níveis de conferências, a “produção de conhecimento, mais científico”, com “mesas muito boas”, explica o religioso que destaca por exemplo a intervenção sobre “neuropsicologia e neuropsiquiatria”.

Depois existiram reflexões a nível do diálogo, da prática, de procurar as “interceções entre o que se faz em termos institucionais no setor público e no social”.

O encontro com cerca de 270 participantes destinava-se a técnicos que trabalham na área da saúde metal e psiquiatria, como “espaço propício à formação interna” mas receberam inscrições provenientes de “outras instituições e do sistema de saúde público”.

Neste contexto, o irmão Vítor Lameiras fez um balanço “muito positivo” de partilha de conhecimento e do que seria a própria formação dos participantes.

“Houve dados, que não são tão novos, mas vieram mostrar que a nossa prática está no caminho certo”, afirmou.

O evento teve “especial relevância” no contexto do centenário da morte de São Bento Menni, restaurador da Ordem Hospitaleira em Portugal e Fundador das Irmãs Hospitaleiras.

A conferência de encerramento teve como tema “Bento Menni: Qualidade e Inovação em tempo de crise” e foi apresentada pelo diretor científico do Instituto de Investigaciones Psiquiátricas da Fundação Maria Josefa Récio (Espanha).

Manuel Martin comentou que, como atualmente, o santo viveu “um tempo de crise”, de conflito político; económico, com a “primeira crise do capitalismo”, ideológico e religioso e com os Estados a quererem “atender às necessidades da população, entre elas a saúde mental”, no século XIX.

CB

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