Igreja/Sociedade: Papa questiona quem «vive sem Deus», no adeus ao Báltico

Missa na Praça da Liberdade encerrou viagem de quatro dias com passagens pela Lituânia, Letónia e Estónia

Talin, 25 set 2018 (Ecclesia) – O Papa encerrou na Estónia hoje uma visita de quatro dias ao Báltico com uma mensagem em favor da proposta cristã, questionando uma ideia de liberdade “sem Deus”.

“A proposta de Deus não nos tira nada; pelo contrário, leva à plenitude, potencializa todas as aspirações do homem. Alguns consideram-se livres, quando vivem sem Deus ou separados dele. Não se dão conta de que, assim, percorrem esta vida como órfãos, sem um lar para onde voltar”, declarou, na homilia da Missa a que presidiu, perante milhares de pessoas, na Praça da Liberdade, em Talin.

Evocando o centenário da independência dos países bálticos, Francisco pediu que a liberdade seja considerada como um bem a manter.

“Vós não conquistastes a vossa liberdade para acabar como escravos do consumo, do individualismo ou da sede de poder e domínio”, advertiu.

O Papa questionou as atitudes políticas que procuram o poder através dos “gritos, ameaças de armas, envio de tropas, estratégias”.

“Esta atitude esconde em si uma rejeição da ética e, com ela, de Deus; porque a ética coloca-nos em relação com Deus que espera de nós uma resposta livre e comprometida com os outros e com o nosso meio ambiente”, referiu.

Num país com 6 mil católicos, o equivalente a 0,5% da população total, Francisco pediu aos crentes que não sejam “exclusivos nem sectários”.

“Temos de vencer o medo e deixar os espaços blindados, porque hoje a maioria dos estónios não se reconhece como crentes”, apelou.

Escolhamos ser santos, sarando as margens e as periferias da nossa sociedade, onde o nosso irmão jaz e sofre a sua exclusão”.

A celebração contou com a presença de cristãos de outras Igrejas e católicos de países vizinhos, além de soldados britânicos e dinamarqueses da NATO colocados na Estónia.

No final da Missa, o Papa agradeceu a receção de um “pequeno rebanho com um grande coração”.

“Reservo um pensamento particular a todos os irmãos cristãos, de modo especial aos luteranos que, tanto aqui na Estónia como na Letónia, hospedaram os encontros ecuménicos. Que o Senhor nos continue a guiar no caminho da comunhão”, concluiu.

Francisco, que recebeu um kit digital de cidadania estónia, começou a viagem junto da presidente da Estónia, Kersti Kaljulaid, de responsáveis políticos e da sociedade civil, evocando os “duros momentos de sofrimento e tribulação” da história deste país, que celebra o centenário da sua independência.

Mais tarde, num encontro ecuménico com jovens, assumiu a necessidade de transparência e honestidade para enfrentar os “escândalos económicos e sexuais”, que afastam as pessoas da Igreja.

Depois de ter passado pela Lituânia e pela Letónia, desde sábado, Francisco regressa a Roma, com chegada prevista para as 21h20 (menos uma em Lisboa).

Em 66 meses de pontificado, o Papa fez 24 viagens internacionais, nas quais visitou 37 países incluindo Portugal.

OC

Notícia atualizada às 15h25

Lituânia: Papa encerra visita com homenagem a vítimas do KGB e do Holocausto (c/vídeo)

Letónia: Papa despede-se com apelo à «fraternidade universal» contra isolacionaismo político (c/vídeo)

 

 

 

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