Lisboa: Diálogo inter-religioso pelo «direito humano à alimentação»

«Todos à mesa por uma mesa para todos» da Fundação Fé e Cooperação realizou-se na Mesquita

Lisboa, 17 out 2017 (Ecclesia) – A Fundação Fé e Cooperação (FEC), da Igreja Católica em Portugal, promoveu o encontro inter-religioso ‘Todos à Mesa por uma Mesa para Todos’ com a Comunidade Islâmica, que acolheu a iniciativa na Mesquita de Lisboa.

“Como organização católica percebemos, e temos cada vez mais tomado consciência, do papel das Igrejas, das religiões em temas que se cruzam como a paz, as migrações, as alterações climáticas”, explicou Margarida Alvim da FEC em declarações à Agência ECCLESIA.

A engenheira florestal sublinha que as Igrejas pela proximidade das pessoas, populações e comunidades locais podem “trabalhar muito a educação a nível de mentalidades, estilos de vida mais sustentáveis, consumos” e a ser-se mais fraterno.

‘Todos à mesa por uma mesa para todos’ foi o mote do encontro inter-religioso pelo direito humano à alimentação que se realizou esta segunda-feira, à noite, na Mesquita de Lisboa.

“No terreno todas as confissões têm projetos concretos de ajuda, assistência alimentar, quer de intervenção a nível de desenvolvimento e politicas mais justas a nível da cadeia alimentar”, realçou Margarida Alvim.

Para o presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal – CIRP o encontro sublinha o “aspeto muito importante” que o problema da fome “não se resolve só com técnicas, com cálculos ou programas alimentares”.

“Nos dias de hoje em termos de quilocalorias há comida que chegue para toda a gente, não faz sentido que pessoas vão para a cama com fome todos os dias”, afirmou o padre José Vieira.

Para o missionário Comboniano, a Igreja Católica através da sua mensagem evangélica pode ajudar as pessoas a terem “um estilo de vida mais sóbrio, menos gastador”, para que a desigualdade entre ricos e pobres seja esbatida”, ajudar que sejam resolvidos “problemas de saúde”, “desmascarar situações” como a tecnologia não estar ao “serviço da comida” e dos pobres, os organismos geneticamente modificados que “aumentam o problema da fome”.

O imã da Mesquita de Lisboa salientou que a alimentação é um bem essencial, por isso, as pessoas que têm mais “têm o dever de partilhar com as pessoas mais carenciadas” e destacou a “caridade obrigatória, um dos pilares do Islão”.

Sobre o encontro que estavam a acolher, o sheik David Munir considerou que “é um pontapé de saída” para dar a entender às pessoas que mesmo que se professe outra religião, ou “mesmo que não tenha”, mas quem precisa de ajuda “é merecedora da caridade e dos bens alimentares”.

A reflexão juntou também o responsável pela FAO em Portugal e na CPLP, Francisco Sarmento; Eduardo Diniz da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar e o secretário de Estados das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel João de Freitas.

Os participantes ouviram diversos testemunhos sobre alimentação da Aliança Evangélica Portuguesa; Igreja Católica; Confederação Portuguesa do Yoga; da Comunidade Islâmica de Lisboa; Fé Bahá’í.

“É importante que estejamos todos em conjunto para aprender boas virtudes para que todos possam contribuir para que o mundo seja melhor”, observou Elisa Chuang da Associação Internacional Buddha’s Light de Lisboa (BLIA-LISBOA) à Agência ECCLESIA.

O Dia Mundial da Alimentação ficou também marcado pela visita do Papa Francisco à sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura onde criticou os abandonos do Acordo de Paris e alerta para efeitos das alterações climáticas no drama da fome.

CB

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