Médicos Católicos: Aprovar a eutanásia seria «aceitar uma visão negativa da vida humana»

Neurorradiologista Sofia Reimão realça que cuidar dos mais frágeis é «tarefa de uma sociedade que se quer verdadeiramente humana»

Lisboa, 18 fev 2017 (Ecclesia) – A presidente do Núcleo de Lisboa da Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) diz que a intenção de legalizar a eutanásia tem por base uma sociedade que é hoje «incapaz de lidar com a fragilidade» humana.

Numa reflexão publicada na edição desta sexta-feira do Semanário ECCLESIA, Sofia Reimão destaca fenómenos como uma economia mais centrada na “performance” do que na “dignidade” da vida, que transforma muitas vezes as pessoas em coisas “descartáveis” quando deixam de ser consideradas “produtivas”.

Aquela responsável recorda que a fragilidade de cada pessoa é “uma realidade” desde o nascimento, foi aliás com base nesse pressuposto que surgiram ao longo da história várias respostas, sociais, caritativas, a própria medicina assenta no “privilégio de ver e tocar a fragilidade de cada pessoa que se confia aos seus cuidados”.

Porque a noção de fragilidade “confere” a todos os homens e mulheres “uma dignidade que necessita de cuidado, como tarefa de uma sociedade que se quer verdadeiramente humana”.

Nesse contexto, a médica especialista em Neurorradiologia classifica a inteção de legalizar a eutanásia como “uma agressão radical contra a vida”, fruto de “uma visão negativa do ser humano” e de uma mentalidade que hoje parece querer “deixar de tratar cada ser humano como um dom irrepetível”.

Atualmente parece que existem “vidas ou momentos da vida que já não fazem sentido ser vividas”, aponta a médica católica, para quem é este o campo onde está a ser plantada a semente da eutanásia.

Na vontade de “colonizar o mundo da vida” com uma mentalidade “utilitarista”, a começar pelos “mais vulneráveis, os doentes, físicos ou psíquicos e, sobretudo os mais idosos, porque menos produtivos e mais onerosos”, sublinha Sofia Reimão, que recorda a mensagem do Papa Francisco para esta Quaresma.

Um texto em que o Papa argentino “chama a atenção do mundo para a riqueza inestimável que é o outro, seja qual for a sua condição concreta.

Na opinião de Sofia Reimão, a interpelação do Papa deve desafiar a todos “para a necessidade imperativa de abrir os olhos para acolher a vida e amá-la, sobretudo quando é frágil”.

Há em cada ser humano uma “imensa dignidade que a doença não modifica nem transforma” e aprovar a legalização da eutanásia seria aceitar “uma visão limitada e, sobretudo, uma visão negativa da vida humana”, quando a missão de cada médico “é sempre cuidar da vida”, conclui a presidente do Núcleo de Lisboa da Associação dos Médicos Católicos Portugueses.

JCP

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