Semana dos Seminários: Leigos na equipa de formação representam «mais-valia»

Um antigo seminarista e dois casais integram a equipa de formação do “seminário em família”, da Diocese de Leiria

Leiria, 15 nov 2018 (Ecclesia) – A equipa de formação do “seminário em família”, da Diocese de Leiria-Fátima, conta com a presença de um antigo seminarista e dois casais, considerada uma “mais-valia” num caminho que se quer “sem pressões”.

João Jordão passou pelo pré-seminário, recordando-o como “um tempo para crescer e perceber várias formas de vida”; anos mais tarde, surgiu o convite para integrar a equipa de formação.

“Eu tinha 29 anos, achei estranho o convite mas depois disponibilizei-me e alertei que não sabia se seria a pessoa certa para aquele serviço. Hoje ainda não sei porque me convidaram, talvez por ser alguém que vai fazendo o seu caminho e nunca abandonou a Igreja”, refere.

O entrevistado recorda os tempos de seminário com alegria, considerando-o “enriquecedor”, em particular a experiência de crescer em grupo.

“A equipa de formação do meu tempo era apenas o sacerdote, hoje sinto como uma evolução muito boa e faz sentido a Igreja se abra e se apoie nos leigos, dá outra abertura aos jovens”, explica.

João Jordão, tendo sido pré-seminarista, “dá outra visão” aos jovens que iniciam uma caminhada de discernimento vocacional.

“Eu já passei por isto, sei o que estás a sentir, as perguntas que fazem eu já as fiz e com os casais há outra ligação aos jovens, outra dinâmica e forma de ver as coisas que os sacerdotes não conseguem dar”, aponta.

O empregado de escritório, de 33 anos, sente que os jovens o “acham um adulto” e, como leigo, têm uma abertura diferente com ele “para falar de outras coisas”.

“Estes jovens têm um discernimento de vida maior, conhecer outras experiências e têm a consciência de poder chegar a qualquer altura e dizer que não é por ali, sem pressões”, assegura.

Olhando o futuro, João Jordão entende que aqueles jovens serão padres diferentes e aponta a necessidade de reforçar a equipa de formação.

“Seguramente serão diferentes porque são de outra geração, com uma visão mais aberta e ampla, com mais instrumentos e formas de trabalhar com toda a gente. Na minha opinião faltam duas pessoas na equipa, um psicólogo e uma religiosa, o que daria uma vertente feminina, são duas figuras que andamos à procura”, conclui.

Joana Ruivo e Pedro Lucas, depois de passarem pela pastoral juvenil e atualmente integrarem uma equipa de CPM (Centro de Preparação para o Matrimónio), aceitaram o convite de estar nesta equipa de formação.

“Quando nos fizeram a proposta ficámos surpreendidos e questionamos até o sentido mas, aceitamos o desafio há cerca de dois anos, um desafio presente e que tem de ser olhado por todas as vertentes da Igreja, não pode ser só um problema dos padres, toca a todas as vocações”, referem.

Na opinião de Joana Ruivo, o caminho do discernimento vocacional “mostra aos jovens que a Igreja é um todo, tem de ser terreno fértil para apareceram as vocações”.

“Cabe-nos a nós também, famílias, criarmos esta vontade de despertar a vocação e fazermos trabalho com as famílias dos jovens”, aponta.

Por seu lado, Pedro Lucas sente que há um estigma “que se tem de ir contra, que a Igreja é cinzenta”.

“A nossa presença nesta equipa dá um lado mais humano, mais caloroso”, prossegue.

Ao acompanharem os jovens do seminário em família, nomeadamente na preparação de encontros, Joana e Lucas sentem sempre a dificuldade dos “muitos estímulos que têm e o tema da vocação não é fácil”.

“É difícil de conciliar este lado vocacional e o nosso trabalho é para dar a importância e cativá-los a vir; eles precisam de estímulos constantes e a vocação não é um tema fácil”, confessam.

O jovem casal, pais de duas meninas, sente também esta ligação dos leigos aos seminários como “uma mais-valia” para que os sacerdotes não vivam na solidão.

“Um seminarista, por equacionar o sacerdócio, não precisa de estar longe de tudo e a nossa presença aqui pode ser uma ajuda em perceber se é esse o caminho. Além disso um padre faz parte da comunidade e tem de ser acolhido como tal, desde estes tempos de pré-seminário e pela vida”, apontam.

SN

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