Vaticano: Papa propõe investimento em África e Médio Oriente para responder a crise dos refugiados

Conferência de imprensa no regresso de Genebra abordou ainda questões ecuménicas

Lisboa, 21 jun 2018 (Ecclesia) – O Papa disse hoje em conferência de imprensa que a crise dos refugiados e migrantes, a nível internacional, exige um maior investimento em regiões como África e o Médio Oriente.

“Um plano de investimentos, de educação, para ajudar a crescer, porque o povo africano tem muitas riquezas culturais, grande inteligência, crianças inteligentíssimas. Este será o caminho a médio prazo, mas de momento os governos devem pôr-se de acordo para responder a esta emergência”, defendeu Francisco, na viagem de regresso desde Genebra, na Suíça, onde passou o dia para assinalar o 70.º aniversário do Conselho Mundial das Igrejas.

O pontífice denunciou a exploração do continente africano e admitiu a necessidade de “prudência”, por parte dos governos europeus, no acolhimento aos refugiados, para que todos possam ser “integrados”.

O Papa mostrou-se chocado com as notícias que chegam do que denominou como “as prisões dos traficantes”, em particular a violência sobre mulheres e crianças, evocando as experiências vividas na II Guerra Mundial.

Francisco apontou o dedo às guerras, à “perseguição dos cristãos” e ao problema da fome, como origem das migrações forçadas, elogiando depois a resposta “generosíssima” de países como a Itália, a Grécia, a Turquia ou o Líbano, nos últimos anos.

Sobre a recente polémica da separação de crianças migrantes dos seus pais, nos EUA, o Papa mostrou-se solidário com a posição dos bispos do país, que condenaram a prática.

Para o pontífice, o mundo vive uma “crise de mediação, de esperança, de direitos humanos, crise de paz”.

A conferência de imprensa abordou vários temas ecuménicos, com o Papa a pedir que do dicionário saia a “palavra ‘proselitismo'”, para dar lugar ao dia.

Francisco elogiou os vários “encontros humanos” que manteve ao longo do dia na Suíça, do presidente da Confederação Helvética aos líderes das Igrejas cristãs, com os quais, disse, se falou especialmente sobre os jovens.

Os jornalistas questionaram o Papa sobre a recente polémica que envolveu os bispos alemães sobre o tema da admissão à Eucaristia em casamentos onde há um cônjuge católico e um protestante.

Na sua resposta, Francisco negou que tivesses existido uma “travagem” e elogiou o documento proposto pela conferência episcopal germânica, que seguia a orientação do Código de Direito Canónico.

O problema levantado relacionava-se com a autoridade de um organismo episcopal de decidir numa questão que está confiada à responsabilidade de cada bispo diocesano, acrescentou, optando-se por um maior “aprofundamento” do tema.

OC

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