Vaticano: Papa rejeita «populismo» na questão dos refugiados e migrantes

Francisco deixa críticas à política separação de menores nos EUA

Cidade do Vaticano, 20 jun 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco criticou o “populismo” nas políticas de migrações e de acolhimento aos refugiados, em países com os EUA ou na Europa, numa entrevista à Reuters divulgada hoje.

“Alguns governos estão a trabalhar no assunto e as pessoas têm de ser instaladas da melhor forma possível, mas criar uma psicose não é a cura”, observou o pontífice, para quem “o populismo não resolve nada”.

“O que resolve as coisas é a aceitação, o estudo, a prudência”, acrescenta o pontífice.

Francisco foi questionado sobre a política de imigração do presidente dos EUA, Donald Trump, que prevê a separação das famílias migrantes na fronteira com o México, e disse que partilha o que foi dito pelos bispos católicos norte-americanos, os quais definiram a separação de filhos e pais como “contrária” aos valores do país e “imoral”.

“Não é fácil, mas o populismo não é a solução”, insistiu o Papa, precisando que, nestes casos, assume a posição do episcopado local.

A entrevista abordou ainda a recente polémica com o navio ‘Aquarius’, impedido de atracar na Itália.

“Eu acredito que não devemos rejeitar as pessoas que chegam, devemos receber, ajudar e organizar, acompanhar e depois ver onde colocá-los, mas em toda a Europa”, sustentou Francisco.

O Papa alerta para o risco de “um grande inverno demográfico” na Europa, que pode ser evitado com a ajuda dos imigrantes.

Em relação ao seu pontificado, Francisco reafirma a intenção de ver uma Igreja “nas ruas” e rejeita, atualmente, qualquer possibilidade de apresentar a sua renúncia.

“De momento, nem sequer estou a pensar nisso”, precisou.

O pontífice assinala que as negociações com a China estão “num bom ponto” e mostra-se satisfeito com as reformas em curso no Vaticano.

“Houve algumas lutas e tive de tomar algumas decisões fortes”, afirma Francisco.

A conversa aborda a visão do Papa sobre o papel das mulheres na Cúria Romana, deixando de lado um eventual acesso ao sacerdócio, e analisa a crise dos abusos sexuais no Chile.

OC

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