Vida Consagrada: Dehonianos desafiados a «fazer perguntas difíceis» para «repensar a missão»

Carlos Liz, especialista em estudos de mercado e opinião, falou sobre «resistência à mudança» aos religiosos

Lisboa, 04 abr 2018 (Ecclesia) – A Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) foi desafiada a “fazer perguntas difíceis” no primeiro dia da sua assembleia nacional que está a ‘Repensar a Missão’, até sexta-feira, no Seminário de Alfragide, Lisboa.

“A pergunta mais difícil de todas, e por isso, vai direta ao tema da resistência à mudança é tomando consciência, fazendo um balanço objetivo do trabalho de uma congregação, em que medida é que se tem coragem de pôr em questão que lá porque se tem feito as coisas e tem funcionado é motivo suficiente para se continuar no mesmo registo, com o mesmo tipo de ação”, referiu Carlos Liz, em declarações à Agência ECCLESIA.

O especialista em estudos de mercado e opinião foi convidado para refletir sobre ‘Resistência à mudança’ e afirmou que o tempo atual é “de grandes perguntas” e são “muito corajosas as instituições, as pessoas, que se atrevem a fazer perguntas difíceis”.

Ajudar os Dehonianos a olhar para a frente “de forma aberta, certa”, foi o propósito de Carlos Liz para quem a resistência à mudança pode ser visto como “fidelidade”, ou seja, “continuação” nas coisas que sempre se fizeram mas, ao mesmo tempo, existe a “intuição e pressentimento” que isso não chega porque “há desafios novos e outro perguntativo”.

“A questão fundamental é em vez de olharmos cada resistência identificamos uma força. Há um trabalho interessante que é como é que estes obstáculos se ligam uns com os outros, como mexer num pode ter efeito positivo sobre os outros”, desenvolveu, sobre o exercício que fez com os Sacerdotes do Coração de Jesus.

Na abertura dos trabalhos, esta terça-feira, o superior provincial desejou “uma assembleia rica e intensa na oração, no diálogo e na partilha”, explicando à Agência ECCLESIA que o órgão consultivo vai pensar nas prioridades da congregação.

O padre José Agostinho de Sousa recorda que na última assembleia, há seis anos, se definiram “algumas prioridades pastorais, apostólicas” e é preciso fazer o ponto de situação, como pensar “algumas estruturas que estão vazias ou menos ocupadas”, “olhar para a pastoral dos jovens” e universitária.

Em Alfragide estão mais de 60 inscritos a ‘repensar a missão’ que hoje pede “transformação da pastoral do acompanhamento”, irem ao encontro dos que estão sós, “fora tantas vezes do âmbito da sociedade, marginalizados, com problemas, com dificuldades”.

Depois da sessão de abertura, o padre José Domingos falou sobre o tema ‘de gestor a acompanhante’ porque os sacerdotes, “muitas vezes” assumem o papel “mais de gestores nas paróquias, nas obras sociais”.

“Agora, o objetivo é de nos tornarmos acompanhantes, aproximarmo-nos das pessoas, caminhar com elas, já não numa função tão diretiva, mas mais de acompanhar o seu processo e desenvolvimento, aportar uma luz, aportar algo à sua vida”, explicou o religioso.

O sacerdote Dehoniano apresentou à congregação em Portugal o desafio do Papa Francisco, a partir da exortação ‘Evangelium Gaudio’, de “assumir” o acompanhamento que a sociedade “está a pedir há muito” onde o laicado afirma-se “com mais peso, mais responsabilidade, mais formação, com mais capacidade” e há “outros problemas”, outras formas de pobreza.

A 6.ª assembleia nacional Dehonianos, que termina esta sexta-feira, está a ser preparada há meses pela comissão organizadora que inovou ao apresentar um documento preparatório a todas comunidades.

“Responderam durante três meses e elaboramos um documento de trabalho simples que serve para relançar os trabalhos da assembleia”, comentou o padre Manuel Barbosa.

Os Sacerdotes do Coração de Jesus que estão em Portugal há mais de 70 anos e celebraram 50 anos da criação da província nacional a 27 de dezembro de 2016.

CB/OC

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